domingo, 17 de maio de 2009

Sonho de Mãe Negra - Poema de Marcelino dos Santos

"Sonho de mãe negra"


Mãe negra
Embala o seu filho
E na sua cabeça negra
Coberta de cabelos negros
Ela guarda sonhos maravilhosos

Mãe negra
Embala o seu filho
E esquece
Que o milho já a terra secou
Que o amendoim ontem acabou

Ela sonha mundos maravilhosos
Onde o seu filho iria á escola
Á escola onde estudam os homens

Mãe negra
Embala o seu filho
E esquece
Os seus irmãos construindo vilas e cidades
Cimentando-as com o seu sangue

Ela sonha mundos maravilhosos
Onde o seu filho correria na estrada
Na estrada onde passam os homens

Mãe negra
Embala o seu filho
E escutando
A voz que vem de longe
Trazida pelos ventos
Ela sonha mundos maravilhosos
Mundos maravilhosos
Onde o seu filho poderá viver.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Apresentação do blog

Este blog surge da procura de uma maior aproximação entre os padrinhos, o projecto e a equipa de voluntários em portugal e moçambique.

Este espaço pretende tornar disponível a informação mais actual do que se vai fazendo e acontecendo no apadrinhamento em moçambique, mas também servir de apoio ao bom funcionamento do apadrinhamento em portugal.

Outros Mundos... Apadrinhamento - Artigo maGASine

Ir à escola, aprender a ler e a escrever, ter todas as refeições do dia, ricas em todos os nutrientes necessários a um bom crescimento, chegar a casa e poder brincar ou descansar, sob a protecção dos pais, no conforto de um lar… eis algumas das coisas que a maioria das crianças do nosso país têm como garantidas. O que estas crianças nem imaginam é que, à distância de uma viagem de avião, milhares de outras crianças lutam para poderem trabalhar para sustentarem os seus irmãos mais novos que como elas, não têm pais, nem estruturas, nem recursos para
terem uma vida de criança.
Foi nestas condições que encontrámos muitas das crianças da Vila de Macia, em Moçambique. Surgiu assim o Projecto Crescer, o primeiro projecto de apadrinhamento à distância do G.A.S.Porto, lado-a-lado com o projecto local pré-existente - Vida Positiva, da Igreja Anglicana, gerido pelo Padre Campira. O objectivo é unir um cidadão português com uma destas crianças para, por um lado, dar à criança o suporte material para que possa estudar em condições aceitáveis e, por outro, dar-lhe um novo amigo, alguém que a incentiva, oferece estímulos positivos, conforta-a, preocupa-se…
Mas quem dá, nunca fica sem receber, e os padrinhos têm sempre de volta o carinho do seu afilhado através das cartas, fotografias, desenhos, partilhando um pouco da sua vida.
Queremos não só estar onde é mais preciso, mas ser as mãos e os olhos, daqueles que têm também essa vontade, mas só a podem concretizar com o coração.
Nas palavras de uma das nossas primeiras madrinhas, assumir este papel é:
“Um gesto tão simples que pode marcar a diferença e traçar o futuro de uma criança para sempre!”
A Inês quis estar no projecto desde o início e justifica-o dizendo:
”Enquanto “cidadã deste mundo”, sinto que tenho o dever de contribuir, de ser útil ao próximo. Depois de passar por terras de África, a noção desse dever tornou-se maior ao tomar consciência da realidade destas crianças, para quem a infância se revela dura. As crianças que riem como se tudo tivessem, mas que quase nada têm…prendem o nosso olhar e conquistam o nosso coração no primeiro minuto.
Enquanto Professora, acredito que a educação é um direito humano que todos devem usufruir, independentemente do seu contexto financeiro. Daí a minha decisão de apadrinhar uma criança em Macia, de poder contribuir para o seu futuro mais risonho.
A anualidade custa…? Custa…mas passa por estabelecer prioridades… e no final do ano são menos um par de calças e duas camisolas que eu compro para mim, mas que fará toda a diferença na educação e no futuro do meu
Afilhado!”
Apesar de todo este entusiasmo, os nossos pés estão bem assentes na realidade e a forma como tudo é colocado em prática reflecte sempre essa consciência. Por isso pensamos e repensamos cada questão até ao pormenor, desde a preparação da equipa responsável pelo projecto em Moçambique, passando pelos critérios de escolha das crianças, escolha essa que tem de ser aprovada pelo líder local, Igreja Anglicana e o próprio Estado. Aos padrinhos é pedido que assumam um compromisso escrito. O G.A.S.Porto responsabiliza-se pela concretização do projecto.
Como nos diz o nosso caro Padre Campira, “é preciso que haja uma boa coordenação entre o GASPorto e a Igreja Anglicana”.
Ainda, nas suas palavras “o projecto apadrinhamento melhorou muito a saúde da criança em nutrição, higiene pessoal e também contribuiu muito no rendimento escolar.” Ele considera o projecto muito importante pois “deste modo estamos combatendo a pobreza absoluta que é o desafio do milénio”. A selecção das crianças e a forma como este apoio é posto em prática passa por “obedecer às necessidades de cada uma, porque a maioria das crianças (da Vila) são chefes de família (…) apresentam-se sujas, mal nutridas e com aproveitamento escolar muito baixo”. A Professora Arlete, uma das responsáveis pelo projecto assegura que têm estado “a trabalhar em matéria de educação, saúde e alimentação, estando a cuidar 10 crianças órfãs e vulneráveis, as quais têm demonstrado muito interesse em frequência escolar, daí que todas tiveram notas positivas e passaram de classe, tendo-se verificado também a melhoria do estado de saúde das crianças”.
Pedimos ao Padre Campira que enviasse um conselho a todos os padrinhos, “Acompanhe o seu afilhado, apoiando nas áreas acima referenciadas e mantendo sempre troca de informação com ele”.
Este é o primeiro ano do Projecto, o ano piloto, mas com a vontade e participação de todos, o nosso caminho tem sido e só pode ser cada vez melhor.

Ana Luísa Castro_Estudante da FMUP

Artigo maGASine, edição nº 4

Descrição do projecto

O projecto de apadrinhamento de crianças orfas e vulneráveis da vila de macia em moçambique, começou em 2006 com a constatação de uma realidade muito dificil para as crianças órfãs e vulneráveis....

O programa de apadrinhamento tem como objectivo contribuir para a criação de um mundo melhor para estas crianças, onde o desenvolvimento humano sustentável, tendo em conta os seus melhores interesses, é construído nos princípios da igualdade, da não-discriminação (todas as crianças, em todas as circunstâncias, em qualquer momento, em qualquer parte do mundo, têm o direito de desenvolver todo o seu potencial), da paz e da justiça social e da universalidade, indivisibilidade, interdependência e inter relação de todos os direitos humanos e da criança, incluindo o direito ao desenvolvimento, que vai de encontro com a Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a Criança

Assim surgem cinco objectivos específicos:

  • Fornecimento de apoio financeiro à instituição local que cuida de Crianças Órfãs e Vulneráveis, neste caso, a Igreja Anglicana, para cobrir as despesas relacionadas com a educação, vestuário, higiene e saúde.
  • Combate ao abandono escolar pois o programa em questão pretende ser também um incentivo à frequência escolar;
  • Criação de condições por meio de parceria com a instituição local e possivelmente entidades portuguesas para garantir a prestação efectiva de serviços;
  • Aproximação de membros colectivos e individuais da sociedade civil portuguesa de uma criança moçambicana, da sua família e da sua comunidade, tornando-o um elemento activo e participante no desenvolvimento e crescimento das comunidades em vias de desenvolvimento e permitindo colaborar para a sensibilização de muitas outras pessoas como você.
  • Intervenção junto da comunidade local nomeadamente através das Mamanas dos respectivos bairros no sentido de assumirem o papel de tutoras ao longo de todo o ano, particularmente nos meses em que o G.A.S. Porto não está na Vila (de Outubro a Julho), estimulando as Mamanas a que também elas se tornem membros activos e participantes na resolução destas problemáticas.