terem uma vida de criança.
Foi nestas condições que encontrámos muitas das crianças da Vila de Macia, em Moçambique. Surgiu assim o Projecto Crescer, o primeiro projecto de apadrinhamento à distância do G.A.S.Porto, lado-a-lado com o projecto local pré-existente - Vida Positiva, da Igreja Anglicana, gerido pelo Padre Campira. O objectivo é unir um cidadão português com uma destas crianças para, por um lado, dar à criança o suporte material para que possa estudar em condições aceitáveis e, por outro, dar-lhe um novo amigo, alguém que a incentiva, oferece estímulos positivos, conforta-a, preocupa-se…
Mas quem dá, nunca fica sem receber, e os padrinhos têm sempre de volta o carinho do seu afilhado através das cartas, fotografias, desenhos, partilhando um pouco da sua vida.
Queremos não só estar onde é mais preciso, mas ser as mãos e os olhos, daqueles que têm também essa vontade, mas só a podem concretizar com o coração.
Nas palavras de uma das nossas primeiras madrinhas, assumir este papel é:
“Um gesto tão simples que pode marcar a diferença e traçar o futuro de uma criança para sempre!”
A Inês quis estar no projecto desde o início e justifica-o dizendo:
”Enquanto “cidadã deste mundo”, sinto que tenho o dever de contribuir, de ser útil ao próximo. Depois de passar por terras de África, a noção desse dever tornou-se maior ao tomar consciência da realidade destas crianças, para quem a infância se revela dura. As crianças que riem como se tudo tivessem, mas que quase nada têm…prendem o nosso olhar e conquistam o nosso coração no primeiro minuto.
Enquanto Professora, acredito que a educação é um direito humano que todos devem usufruir, independentemente do seu contexto financeiro. Daí a minha decisão de apadrinhar uma criança em Macia, de poder contribuir para o seu futuro mais risonho.
A anualidade custa…? Custa…mas passa por estabelecer prioridades… e no final do ano são menos um par de calças e duas camisolas que eu compro para mim, mas que fará toda a diferença na educação e no futuro do meu
Afilhado!”
Apesar de todo este entusiasmo, os nossos pés estão bem assentes na realidade e a forma como tudo é colocado em prática reflecte sempre essa consciência. Por isso pensamos e repensamos cada questão até ao pormenor, desde a preparação da equipa responsável pelo projecto em Moçambique, passando pelos critérios de escolha das crianças, escolha essa que tem de ser aprovada pelo líder local, Igreja Anglicana e o próprio Estado. Aos padrinhos é pedido que assumam um compromisso escrito. O G.A.S.Porto responsabiliza-se pela concretização do projecto.
Como nos diz o nosso caro Padre Campira, “é preciso que haja uma boa coordenação entre o GASPorto e a Igreja Anglicana”.
Ainda, nas suas palavras “o projecto apadrinhamento melhorou muito a saúde da criança em nutrição, higiene pessoal e também contribuiu muito no rendimento escolar.” Ele considera o projecto muito importante pois “deste modo estamos combatendo a pobreza absoluta que é o desafio do milénio”. A selecção das crianças e a forma como este apoio é posto em prática passa por “obedecer às necessidades de cada uma, porque a maioria das crianças (da Vila) são chefes de família (…) apresentam-se sujas, mal nutridas e com aproveitamento escolar muito baixo”. A Professora Arlete, uma das responsáveis pelo projecto assegura que têm estado “a trabalhar em matéria de educação, saúde e alimentação, estando a cuidar 10 crianças órfãs e vulneráveis, as quais têm demonstrado muito interesse em frequência escolar, daí que todas tiveram notas positivas e passaram de classe, tendo-se verificado também a melhoria do estado de saúde das crianças”.
Pedimos ao Padre Campira que enviasse um conselho a todos os padrinhos, “Acompanhe o seu afilhado, apoiando nas áreas acima referenciadas e mantendo sempre troca de informação com ele”.
Este é o primeiro ano do Projecto, o ano piloto, mas com a vontade e participação de todos, o nosso caminho tem sido e só pode ser cada vez melhor.
Ana Luísa Castro_Estudante da FMUP
Artigo maGASine, edição nº 4
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